A autogestão se mostra cada vez mais presente nas corporações empresariais. Em geral, define-se pela gestão própria que cada indivíduo faz, seja para a vida pessoal ou profissional. No âmbito profissional, essa pode ser como um modelo de cultura empresarial, em que os líderes trabalham conjuntamente com o seu time para tomarem decisões mais assertivas.
É um modelo de gestão muito benéfico, desde que bem implementado, gerando maior motivação e engajamento no time. Confira mais sobre autogestão nas próximas linhas!
O que é autogestão?
É possível definir a autogestão como um modelo semelhante a gestão horizontal, no qual a tomada de decisão é descentralizada, tornando-a mais ágil e assertiva. Dessa forma, todos têm autonomia para desempenhar suas funções sem a necessidade de comando de superiores.
Nesse modelo, as responsabilidades devem ter claro acordos, de modo que todos os colaboradores saibam quais tarefas devem desempenhar e que podem contribuir para o desenvolvimento do seu time e da empresa.
É uma prática de cultura empresarial diferenciada de outras amplamente difundidas no mercado de trabalho, por isso é importante ressaltar a diferença entre elas.
Diferenças entre autogestão, cogestão e gestão tradicional
Gestão tradicional é o método mais difundido entre as empresas. É o sistema com hierarquias bem definidas, no qual o superior coordena um time. Aqui, os colaboradores devem reportar os seus resultados ao supervisor, que reúne todas as informações para a tomada de decisão, sem necessariamente levar em conta a opinião de seus subordinados.
A cogestão se aproxima mais da autogestão, já que há a ativa participação dos funcionários na gestão da empresa. Nesse modelo de gestão, cada colaborador pode ter mais de um líder, que não necessariamente tem poder absoluto. Afinal, há incentivo para que os funcionários contribuam nas decisões tomadas pelo time.
A autogestão se mostra disruptiva em relação aos dois modelos apresentados acima ao propor maior autonomia e engajamento para seus colaboradores. Por exemplo, na empresa de processamento de tomates, a MorningStar, todos os seus colaboradores podem tomar qualquer decisão desde que escute a opinião de todas as pessoas impactadas.
Qual o objetivo da autogestão?
Dentro dos objetivos da autogestão estão:
- Dar maior autonomia para o colaborador. Em um sistema que todos sabem o que, quando e como deve ser feito, os funcionários têm autonomia para realizar suas tarefas. Dessa forma, se sentem responsáveis e participantes ativos da empresa.
- Evitar o micro gerenciamento. Com funcionários cientes do que deve ser feito, não há necessidade do superior de micro gerenciar todas as pessoas e processos da equipe. Com um bom alinhamento, é possível depositar confiança nos membros do time.
- Focar nos resultados. Por cada um ser responsável pelos seus processos, é possível se concentrar nos resultados de forma eficiente, sem a necessidade de o chefe participar de todas as etapas.
Qual é a importância da autogestão empresarial?
A autogestão é extremamente útil em times pequenos, podendo ter aplicação em empresas maiores por meio da limitação do tamanho dos times. A prática é importante em empresas que buscam agilidade em suas escolhas.
Em um time no qual são claros os papéis e responsabilidades, todos têm domínio de seus resultados e podem colaborar construtivamente com os pareceres que o time deve tomar.
Em equipes com muitos colaboradores, entretanto, a sua aplicabilidade se torna dificultada, pois nem todos possuem as informações necessárias para contribuírem ativamente com o líder.
Quais são os principais benefícios da autogestão?
Quando bem aplicada, a autogestão pode ser muito benéfica. Em um ambiente onde os funcionários possuem maior liberdade de expressão e questionamento, ideias inovadoras e criativas podem surgir.
Além disso, amplia-se a produtividade já que em uma empresa autogerida os funcionários possuem horários flexíveis, podendo trabalhar em horários em que rendem melhor. Ademais, os colaboradores realizam o seu próprio micro gerenciamento de maneira a utilizar o próprio tempo de forma eficiente.
A motivação e o engajamento são outros dois benefícios muito relevantes na autogestão. Se sentir responsável pelo desempenho do time gera um sentimento de dono, como o descrito pelos funcionários da MorningStar, onde seus funcionários temporários se sentem tão engajados quanto os executivos.
Quais são os pilares da autogestão?
Ao aplicar a autogestão, é preciso ter em mente os três pilares que a sustentam: comunicação, regras e limites, e plano de ação.
A clareza na comunicação é fundamental para que um time seja autogerido. Para que os colaboradores saibam o que deve ser feito, é preciso que seja explicitado o que se espera. Caso contrário, ou as tarefas que devem ser feitas não são realizadas, ou não são feitas da maneira correta.
A definição das regras e dos limites torna-se imprescindível para o desempenho eficiente. Faz-se necessário o acordo entre todas as partes para esclarecer até onde vai cada função.
Por fim, o estabelecimento de um plano de ação claro entre todos da equipe serve de base para saber onde estão e onde querem chegar. Ao se definir a rota, todos conseguem saber qual a melhor forma de contribuir para o atingimento de metas.
Como a autogestão acontece na prática?
No dia a dia podemos perceber a autogestão em um time que consegue comunicar de forma clara quais são os problemas que devem ser trazidos para a discussão em equipe. Portanto, esses problemas podem e devem ser resolvidos pela pessoa responsável por ele somente.
Esse discernimento é o motivo pelo qual empresas de metodologia ágil adotam esse modelo de gestão. Desse jeito, conseguem ter mais rapidamente os dados necessários para uma tomada de decisão assertiva.
3 dicas para fazer autogestão na empresa
A implementação da autogestão na sua empresa pode variar de nível de dificuldade. É comum que leve um tempo até ela se tornar totalmente funcional, já que é um exercício de cultura diário.
Fique atento nas dicas para colocá-la em prática:
- Promover treinamentos, principalmente para os gestores, pode ser um bom ponto inicial. É preciso que eles saibam delegar as tarefas e que possam esclarecê-las da melhor formas possível para que eles não precisem mais ser envolvidos na execução.
- Incentivar os colaboradores a assumirem mais responsabilidades. É papel do líder entender os limites de seus liderados, mas também estimulá-los a desempenharem mais para que todos possam se desenvolver.
- Realizar reuniões periódicas. Para que o líder não precise realizar o micro gerenciamento das tarefas do seu time, pode-se realizar reuniões periódicas de acompanhamento das demandas, de forma a auxiliar o colaborador somente no necessário, dando a ele a autonomia necessária para performar.
4 mitos sobre autogestão para abandonar
- “Não existem líderes na autogestão”. Apesar de ser uma estrutura similar a de gestão horizontal, na autogestão os líderes se fazem presentes, servindo de apoio do time. O líder, do contrário a gestão tradicional, escuta os envolvidos em uma decisão antes de tomá-la, já que ele não realiza todos os processos que a envolvem.
- “Na autogestão não existem regras, métricas e estrutura”. Do contrário do que muitos pensam, a autogestão não é uma “bagunça organizada”. Nesse modelo de gestão, como foi abordado acima, é preciso ter regras claras para que todos saibam seus papéis e responsabilidades.
- “Na autogestão todos são iguais”. Após definidos os papéis e responsabilidades de cada um, pode-se criar hierarquias, inclusive em nível de conhecimento de cada um sobre a área a ser trabalhada. Apesar disso, a opinião de quem está abaixo na hierarquia será levada em consideração caso seja relevante.
- “As decisões são lentas”. Apesar de envolver um maior número de pessoas em uma tomada de decisão, elas não são lentas, pois mais de uma pessoa é responsável pela coleta de dados para tomá-la.
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