Gestão e empreendedorismo: os cases do Mercado Brasco, Perky Shoes e Conquistar Imóveis

Nesse texto vamos apresentar:

Gabriel Drumond, Rodrigo Casas, Jéssica Ungaretti e Lucianne Canto falaram sobre os desafios de gestão em Pequenas e Médias Empresas, em evento que lotou o auditório do Félix 737, no dia 5 de julho

Com o objetivo de provocar gestores de pequenas e médias empresas sobre a importância da gestão, foi realizado no dia 5 de julho, em Porto Alegre, o evento “Além da Grande Ideia: os desafios de gestão das PMEs”. A atividade, realizada pela 4CINCO, contou com um painel, com a participação de lideranças empresariais de PMEs gaúchas, dos segmentos Varejo, Indústria e Serviços: Gabriel Drumond, fundador do Mercado Brasco; rede de mercados de Porto Alegre que tem como propósito fazer parte do dia a dia dos vizinhos; Rodrigo Casas, fundador da Perky Shoes, famosa por ter reinventado as alpargatas; e Jéssica Ungaretti, sócia-diretora da 4CINCO e da Conquistar Imóveis, imobiliária responsável pelas vendas da construtora MRV no Estado.

Com o auditório do Félix 737 lotado, o evento iniciou com uma abertura de Lucianne Canto, que fez uma apresentação sobre o que é gestão. Para ela, é muito comum confundir o termo com “gestão de pessoas” ou com “planejamento estratégico”. Segundo a administradora, “gestão é um processo contínuo e é a única forma de se obter resultados”. Entre os principais desafios da gestão para PMEs, estão sair da operação, ter controle do negócio, envolver as pessoas, ter disciplina, dominar o método e ter capacidade de execução. Para dar exemplos práticos do processo gerencial, os painelistas apresentaram cases de seus negócios. Confira um resumo de cada um:

GABRIEL DRUMOND | BRASCO

Nascido em Uruguaiana, aos 16 anos mudou-se para Porto Alegre para estudar administração na ESPM. Ainda na faculdade, juntou-se com dois sócios e abriram o Mercado Brasco, em 2012. Ele conta que no início, não havia nenhum plano de negócio formalizado e tiveram muitas dificuldades, inclusive de falta de capital. Esta primeira fase foi de sobrevivência, em que eles trabalhavam o dia todo e à noite tinham aula. Não havia gestão e nem controle. “O foco era conseguir respirar! ”, conta. A grande mudança na empresa foi quando eles conseguiram iniciar um processo de gestão de pessoas, na fase que eles chamam de “Fortalecimento da base”. A ideia era passa a investir na equipe, contratando pessoas que se identificassem com o negócio e compartilhassem dos mesmos valores. Hoje eles afirmam estar colhendo os frutos deste trabalho com as pessoas. Depois de um pouco mais de 3 anos, hoje o Brasco possui duas lojas – uma na Florênio Ygartua e outra na Nilo Peçanha – e a empresa evoluiu muito na gestão, passando a ter controle financeiro do negócio, controle de estoque, processos de gestão de pessoas, e os sócios conseguiram sair um pouco da operação e começam a olhar para frente e pensar no futuro.

“Hoje a gente tem várias reuniões programadas, com muita disciplina. Também temos uma reunião estratégica, que a gente revisa indicadores e fala da gestão de pessoas, que é um dos pontos que mais valorizamos. Hoje o cliente chega na loja e é bem atendido; e a gente tem orgulho disso!”.

Mais que um mercado, o Brasco faz questão de deixar claro que tem o propósito de aproximar pessoas. Jovens, eles pretendem resgatar os bons e velhos costumes interioranos, entregando a todos mais do que produtos: distribuindo sorrisos e oferecendo boa amizade.

RODRIGO CASAS | PERKY

“Nós existimos para trazer leveza para o cotidiano das pessoas”, disse Rodrigo Casas no início de sua explanação. Para ele, a vida pode ser mais leve e é com essa ideia que ele inicia a história da Perky.

Rodrigo é argentino, jornalista e mora em Porto Alegre desde 2008.

Tudo começou em 2009, em uma viagem para a Argentina, o casal Rodrigo e Gabriela identificaram uma oportunidade nas alpargatas, que são calçados populares no país vizinho. “Um produto alegre e despojado que é a cara do Brasil!”, pensaram.  Assim, iniciaram a importação de uma marca argentina para o mercado brasileiro.

Mas logo apareceria o primeiro problema: a dificuldade de importar. Muitas vezes tem aumentos de preços, erros nos pedidos, demoras nas entregas, pouca flexibilidade para negociar, etc. Para melhorar a distribuição, a solução que surgiu foi procurar uma fábrica para produzir essa marca no Brasil. E aí viria o segundo problema a ser enfrentado: a marca não quis continuar o projeto de fabricação no Brasil.

Foi aí que surgiu a ideia de fazerem a própria marca! “Falamos com os lojistas, eles toparam, e nós começamos a fazer as alpargatas, melhorando coisas do modelo da argentina. O importante de tu abrires alguma coisa é tu saberes as tuas limitações e ouvir as outras pessoas. A gente sabia o que queria fazer, mas o como a gente ia definindo no dia a dia, contando com ajuda dos parceiros, ouvindo as pessoas e não desistindo dos sonhos”, revela.

Em 2011, a Perky Shoes inicia a fabricação das alpargatas de construção inovadora na fábrica descoberta no interior gaúcho. Em dezembro, começa a comercializar nas mesmas lojas onde vendiam as alpargatas argentinas. Em 2012, A Perky é reconhecida no mercado e procurada por diversos nomes da moda brasileira para desenvolver parcerias, nomes como: Juliana Jabour, Reserva, Daslu e Fábula. Também nasce a PERKYDS, linha infantil da marca.

Uma das lições aprendidas por eles diz respeito a adaptação. “Adaptar-se com rapidez é essencial. O mercado é quem manda. Aposte no que o mercado quer ao invés do gosto pessoal. Faça o que o mercado quer, mas mantendo seu DNA, sua cara, do seu jeito. Senão, todos serão iguais. E diferenciação é estratégia”, defende.

Hoje, além do Brasil, a Perky está presente na Argentina, Uruguai, Chile, Peru, Portugal, Alemanha, República Tcheca, Nova Zelândia e Australia.

JÉSSICA UNGARETTI

“É preciso ter um sócio que compactue dos mesmos valores. Ter opiniões diferentes, pensar diferente faz parte, pois os sócios precisam se complementar. Porém, é fundamental que compactuem dos mesmos valores”. Essa foi a lição defendida por Jéssica Ungaretti em sua palestra sobre o case da Conquistar Imóveis.

Jéssica contou sobre um problema enfrentado pela empresa e que é muito comum no cenário empresarial: sucessão.

Para contextualizar: Jéssica tem 25 anos, é formada em administração pela ESPM-Sul e atualmente cursa duas especializações, uma em finanças e outra em controladoria, ambas na UFRGS. Com apenas 20 anos, ela assumiu a gestão de uma empresa familiar, a Conquistar Imóveis, que conta com lojas em Porto Alegre e região Metropolitana.

A empresa não contava com um planejamento de sucessão, e Jéssica assumiu como sócia. A solução encontrada por ela para driblar as questões de sucessão, foi contratar um novo sócio, com experiência no mercado, que trabalharia ao seu lado.

Porém, a decisão se mostrou errada. Com o tempo, percebeu-se que havia incompatibilidade dos sócios, e a Conquistar perdeu a exclusividade da MRV – sua maior parceria de negócio. Para solucionar, Jéssica decidiu recomprar as cotas da sociedade e assumiu o controle do negócio, por meio de capital próprio. Mas graças a um planejamento financeiro, ela conseguiu a amortização integral do negócio. Hoje, a Conquistar recuperou a exclusividade virtual da MRV e tem registrado um importante crescimento.

Não foi um problema fácil e se mostrou extremamente custoso para a empresa. Mas segundo Jéssica, é muito importante aprender com os erros. Daí saem algumas certezas: é fundamental ter um plano de sucessão bem delimitado e um acordo de sócios, bem definido e alinhado entre os envolvidos.

Texto: Jornalista Raphaela Flores – Dona Flor Comunicação

Publicado por