Empresa vai inaugurar centro de distribuição de R$ 16 milhões em Pelotas, prepara outro para a Serra e anunciou há poucos dias que decidiu fazer em Paverama sua fábrica de chás, isotônicos e bebidas energéticas.
A Fruki vai inaugurar em julho um centro de distribuição de R$ 16 milhões em Pelotas, prepara outro para a Serra, anunciou há poucos dias que decidiu fazer em Paverama sua fábrica de chás, isotônicos e bebidas energéticas e funcionais, que deve exigir investimento de R$ 80 milhões até 2020, tem na mira uma unidade para produção de cervejas até 2025. Mas nada surpreende tanto quanto o diagnóstico de seu presidente, Nelson Eggers, sobre o passado recente:
— Foi o melhor primeiro trimestre de nossa história.
Não é preciso lembrar que pode ter sido o fundo do poço da crise econômica brasileira. Eggers afirma que está planejando os próximos cem anos da empresa que tem como carro-chefe o guaraná cuja fórmula ele mesmo criou, e é líder em vendas na Região Metropolitana e na vizinhança da fábrica.
A decisão de investir em expansão em Paverama era esperada há muito tempo, e foi tomada em momento de crise. É um sinal de que a empresa vê recuperação pela frente?
Na verdade, faz muito tempo que a gente vem se preparando para executar essa ampliação. A gente preparou nosso caixa. A gente não pode desistir dos objetivos. Compramos aquela área e agora estamos projetando, não vamos ficar parados. Estamos trabalhando no desenvolvimento, no projetos. Nós imaginamos que em 2020 a primeira etapa da fábrica vai estar pronta. Vai ser com muito sacrifício, não é coisa fácil, porque todos os dias somos surpreendidos por notícias desagradáveis. Mas não podemos parar. Mas neste ano, nosso primeiro trimestre foi bom, vendemos muito bem. O clima favoreceu muito.
É possível dimensionar esse ”bom”?
Só posso dizer que foi o melhor primeiro trimestre da nossa história. O clima agradável, bom para vender e consumir refrigerante e água, e o trabalho que vem se fazendo com as nossas marcas, procuramos dar um atendimento cada vez melhor. E, depois, o gaúcho gosta das coisas de sua terra, prestigia.
O investimento é de R$ 80 milhões só primeira etapa?
Nós compramos uma área muito grande, agora estou passando bem na frente dela. Tem 90 hectares, ou 900 mil metros quadrados, é uma área muito grande, as pessoas perguntam por quê. Costumo dizer que estamos projetando a expansão para os próximos cem anos. Temos de pensar grande, pensar longe, tem de projetar o futuro. Espero que eu continue por aqui (risos). Não está tudo completamente planejado, não temos os projetos concluídos. Lá por 2018, aí sim, a gente começa a trabalhar nas instalações. Antes disso, precisamos rasgar papel, até que o projeto fique bom (risos). Como é muito grande, tem de ser modular, para ser adequado para nosso crescimento.
O financiamento está definido?
Financiamento é um dilema, não se pode avançar muito agora. Mas acredito que os financiamentos vão melhorar, depois que equilibrar a nossa economia, provavelmente vão melhorar juro, prazo e condições. Agora, nem exisste. O governo também está falando em cortar incentivos. Tem de cuidar, não pode prejudicar ainda mais a economia. É preciso encontrar uma forma de dinamizar um pouco mais a área industrial, onde muita gente perdeu empregos.
A Fruki teve de fazer cortes de pessoal?
Não foi preciso fazer nenhuma redução, continuamos com quadro em torno de mil funcionários. Crescemos um pouco, aumentamos a venda, conseguimos fazer com que nosso quadro de pessoal tivesse desempenho um pouco melhor. A maior quantidade é de pessoas ligadas à venda e entrega. A produção é muito automatizada, tem 150 pessoas, na administração mais cem, e tem 750 pessoas dedicadas à venda e à entrega. E na fábrica, temos cerca de 10 engenheiros, é 8% do total. Eram operários, que vestiram a camisa, se prepararam, estudaram e não querem sair.
E a fábrica de cerveja, vem aí?
A segunda etapa é a fabricação de cerveja, mas a única certeza que temos, por enquanto, é a vontade de fazer. É um desejo antigo, agora já tem local. Devemos começar a produzir em 2025. Compramos uma área grande pensando nisso. Tem de colocar uma meta, um objetivo, essa meta agora é 2020. Temos um facilitador, que é uma estrutura comercial bem montada, então não precisa aumentar tanto a equipe com produtos novos. Um projeto que tocamos, e não parou — quando parou, foi por causa da chuva — é o centro de distribuição de Pelotas, para toda a Metade Sul. Deve estar concluído em julho, foi investimento de pouco mais de R$ 16 milhões. Vai nos ajudar a conquistar mais mercado.
Há planos para vender fora do Estado?
Só vendemos no Rio Grande do Sul. por enquanto. Queremos fortalecer muito a empresa no Estado, ainda tem muito mercado. Temos de aproveitar as oportunidades que existem aqui. Como estamos projetando os próximos cem anos anos, pensamos até no Exterior. Temos nossas marcas registradas em todos os países da América do Sul. A gente tem de se prevenir.
Há um horizonte para operações no Exterior?
Não, só preparação para, no futuro, criar condições. Não dá para exportar água mineral, a margem é muito pequena, o transporte não permite. Nem para São Paulo podemos vender, porque o transporte consumiria toda a margem de lucro.
O que provocou a mudança de patamar da empresa?
A gestão bem feita, em qualquer negócio. Houve mudanças dentro da empresa, hoje temos uma equipe fantástica trabalhando, comprometida, preparada. Credito isso tudo à gestão. O principal fator da nossa virada foi o PGQP (Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade). Sou muito grato.
Qual é o faturamento da empresa?
Não gosto de dizer, porque é o que a Coca-Cola mais quer saber (risos).
E em um lugar no ranking das maiores gaúchas, em qual estaria?
Em primeiro lugar, porque é a minha paixão.
E qual a posição do guaraná Fruki no consumo?
Ah, o guaraná é nosso carro-chefe. Temos a liderança na Região Metropolitana, no Vale do Taquari e do Rio Pardo.
No caso da Fruki, então, santo de casa faz milagre?
(risos). Faz, sim, e eu ainda me orgulho muito porque a fórmula do guaraná é minha. Não sou químico, mas consegui chegar lá, por vocação.
Fonte: Marta Sfredo – ZH ClicRBS